terça-feira, 17 de agosto de 2010

As coisas que ficam de pé

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As coisas que ficam de pé: os livros,

a cadeira, a chávena e a mesa do café,

o candeeiro que arredonda as horas e até

aquela borboleta que poisou no banco.

Tudo isso contrasta com a horizontalidade – esta

que me esmaga os ossos e os arruma num canto.

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E o Sol nasce e eu não me levanto.

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quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Nem que viva eternamente

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Quem me dera não morrer para te perpetuar para sempre.

Chorar saudades de terra e nascer girassóis,

nascer rios de ternura e transbordar mares de estrelas.

Quem me dera não morrer

beber saudades e renascer.

Tricotar infinitos cachecóis,

embrulhar-me em lençóis,

beber as árvores e cheirar os rios

Comer a vida à dentada,

pendurar o mundo em fios

fazer marionetas penduradas paradas e velhas.

Fugir, correr, evaporar, sumir.

Sorrir, cantar, usufruir, amar, existir, apaixonar.

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Carrosséis inocentes lindos e reluzentes.

Algodão doce

sorriso na mão,

mão na cara,

beijo na boca.

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Quem me dera não morrer para te viver para sempre.

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...nem que viva eternamente...!