sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Há dias em que não sei de mim


Procuro no chão, pela sombra, ou pelas montras o reflexo e não me vejo. Perdi-me. Perdi-me e não foi para fora que me espalhei, foi para dentro. Quando o coração bate com mais força e desconheço o eco estranho que entoa até aos meus olhos que se cruzam pelos reflexos. E não me acho.

Quando dou por mim, já não sei em que rua vou, ou em que vírgula estava a língua quando esta se desenrola para dizer o teu nome. Mas depois, quando entoam as tuas sílabas encontro-me no reflexo e invades-me tão completamente que entorno pela janela do mundo a tua expressão de espanto.

Estavas sentado na mesa da cozinha, esta manhã, quando te perguntei no que estavas a pensar. Tinhas um olhar de menino e, mais uma vez, apaixonei-me por ti… E caio no encantamento de te contemplar, de novo.

 Às vezes penso que é orgulho, isto que tenho guardado dentro de mim quando penso que sou tua. Outras, penso que é admiração pela ambição que tive em te encontrar. No fim, quando finalmente começo a descortinar todas estas coisas penso que não penso e sinto que só sinto.

Sinto que te amo, tão completamente que o universo inteiro desconhece a lei, a física e a razão.

 E depois de tudo isto, acho-me inteira e saio de casa com a leveza de quem é menina.

Achei-me.