segunda-feira, 4 de julho de 2011

Fazes muito mais que o sol


Como segurar o sol na ponta dos dedos, abraçar-te é abraçar a vida, a humanidade inteira num romantismo exponencial de luz.


As noites são luas perfeitas entre copas de árvores que restolham numa breve brisa morna que os lençóis destapam a pele branca e escondem o azul que trazes no céu dos olhos. Um beijo teu é meloa doce que amarga o amargo da vida e enche de perfume todos os cantos da alma que espalhas com a electricidade das gargalhadas que ofereces ao mundo, como quem dá um sol novo todos os dias.


O colo... O colo é amar-te de todas as formas geométricas de espectros infinitos de cores em todas as posições e ângulos que a infinitude oferece nos teus cabelos de sol cheiro de mar e terra molhada, cetim dos vastos campos abertos e barafunda de peões a rodar.


Viver-te é a convulsão de todos os sentidos ao mesmo tempo na tempestade de morder tudo em menos de nada acompanhado por um chá de camomila ao por do sol, ao teu colo, como se fosses um capote em dia de inverno que enche a alma de dourado e transborda assim pela vida fora como um tapete voador de viagens no tempo.


É desculpa para ser inverno, pretexto para ser verão, nesta imensa primavera de viver onde as caducas outonais enchem as ruas de ternura.



É causa, consequência, razão e loucura.


É a vida em menos de nada.

1 comentário:

Anónimo disse...

Fundo os meus olhos por entre a luz que atravessa uma garrafa de vinho branco de um amarelado muito suave e translúcido. Hoje coloquei a mesa para ti também, o teu lugar, já que estou sempre a dividir as coisas contigo, a imaginar-te sempre, no que dirias, no que ias apreciar e não querer. Um lugar para ti. E o teu lado da mesa até ficou com migalhas e tudo e nódoas de gordura. E depois coloquei o Arvo Part para ti e nesta sala cheia de luz, aqueci água e enrolei um cigarro. Porque nunca esperas por fumar, tem de ser em contínuo. Não gosto que fumes assim que acordas, mas adoro quando te sentas a fumar depois do almoço, por entre os dedos e o vermelho das unhas, és quase pornográfica. Até pus uma toalha, ao meu jeito, e a conversa desfia-se e o eterno é isto. Um almoço e os teus olhos sempre abertos e a porta do quintal aberta para termos sempre perfume de Primavera todos os dias. De dia e de noite. Adoro almoçar contigo. A vida em menos de nada, nestes sucessivos bocadinhos de tudo e de nada.