Procuro no chão, pela sombra, ou
pelas montras o reflexo e não me vejo. Perdi-me. Perdi-me e não foi para fora
que me espalhei, foi para dentro. Quando o coração bate com mais força e
desconheço o eco estranho que entoa até aos meus olhos que se cruzam pelos
reflexos. E não me acho.
Quando dou por mim, já não sei em
que rua vou, ou em que vírgula estava a língua quando esta se desenrola para
dizer o teu nome. Mas depois, quando entoam as tuas sílabas encontro-me no
reflexo e invades-me tão completamente que entorno pela janela do mundo a tua
expressão de espanto.
Estavas sentado na mesa da
cozinha, esta manhã, quando te perguntei no que estavas a pensar. Tinhas um
olhar de menino e, mais uma vez, apaixonei-me por ti… E caio no encantamento de
te contemplar, de novo.
Às vezes penso que é orgulho, isto que tenho
guardado dentro de mim quando penso que sou tua. Outras, penso que é admiração
pela ambição que tive em te encontrar. No fim, quando finalmente começo a
descortinar todas estas coisas penso que não penso e sinto que só sinto.
Sinto que te amo, tão
completamente que o universo inteiro desconhece a lei, a física e a razão.
Achei-me.
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